Filiado à

O SIGNIFICADO DO 13 DE MAIO

Por Petrônio Filho, com Diana Carvalho – Ecoa-UOL, em 13/05/2020

Ano passado, o Ecoa-UOL trouxe uma reportagem sobre a comemoração da abolição da escravatura assinado pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. O sociólogo Tulio Custódio, afirma que “Essa data tende a ser vista de uma maneira fantasiada, como se uma figura, no caso a Princesa Isabel, tivesse assinado um papel e pronto. No entanto, o ponto real é que essa data é só uma parte de um processo político altamente violento e conflituoso que foi a luta pela abolição, na qual vários arranjos, negociações e protestos aconteceram, o que ficou marcado como o movimento abolicionista brasileiro”. O sociólogo disse ainda que “A abolição não garantiu nenhum tipo de inclusão, integração social, econômica e cultural”. 


Túlio afirma que a ideia de “democracia racial” implantada pela nossa história deturpa o real sentido das lutas pela abolição dos escravos, dando a impressão de que ela foi feita de forma consensual. Ele conclui que “…acaba com a resistência e a luta que marcam os processos históricos no Brasil, especialmente os processos de luta contra a escravidão e o racismo”, diz. “Todas as lutas, desde as primeiras rebeliões, aos banzos, aos primeiros quilombos, cabanagem, todas as revoltas, acabam sendo apagadas e inviabilizadas por conta dessa lógica de que sempre houve uma harmonia.”.


Na realidade, o 13 de maio veio no bojo da crise entre o Império e a classe produtora após o final da Guerra do Paraguai. Essa ruptura favoreceu os movimentos abolicionistas. D. Pedro II viajou para fugir das pressões que sofria dos dois lados, deixando sua filha para assinar a abolição. Este ato fulminou de vez o Império, já que os fazendeiros e alguns políticos descontentes com o ato, passaram a apoiar a República, que ocorreu no ano seguinte: 15 de novembro de 1889.  


No final das contas, os negros continuaram a sofrer com a exclusão social. A famigerada Lei de Terras, aprovada antes da abolição, praticamente proibiu que os ex-escravos adquirissem terras. Isso os deixou ao relento, já que não tinham outra profissão a não ser o da lavoura. Expulsos das fazendas, não tiveram alternativa a não ser irem para as cidades, onde sofreram com a discriminação, passando a atuar em trabalhos pesados e de poucos rendimentos. Muitos que não conseguiram empregos, passaram a pedir esmolas e/ou roubar. As favelas e as cadeias cheias de negros que enxergamos hoje, são frutos dessa desídia social. 

📢 Jornada Nacional de Combate ao Racismo – 11 a 16 de maio

Em 2021 a Jornada Nacional de Combate ao Racismo tem o objetivo de intensificar o debate sobre as condições de vida da população negra e as desigualdades raciais no Brasil e no mundo. O contexto da pandemia da Covid-19 não apenas deixa exorbitante o número de vítimas fatais nas periferias como provoca significativas mudanças no comportamento e práticas sociais da população. Exigimos:💉Vacina para todos e todas💰 Programas de combate à miséria e racismo, como o auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia

Deixe um comentário