Por Petrônio Filho
No dia 09 deste mês, no programa “Sem Censura”, da TV Brasil, o ministro da educação, Milton Ribeiro, desferiu várias críticas aos educadores e ao sistema de cotas das Universidades. Disse que a Universidade deve ser para poucos, para uma elite, e que o país necessita mais de técnicos que diplomados com ensino superior. Atacou o sistema de cotas dizendo que os “filhinhos de papai” têm o direito das vagas universitárias porque são seus pais quem pagam impostos. Criticou os reitores por terem ideais “socialistas” e os professores do ensino fundamental por não quererem o retorno das aulas devido à pandemia e que, se pudesse, os fariam retornar às aulas.
Toda essa verborreia demonstra o perfil extremamente conservador de Milton Ribeiro. Esse tipo de posicionamento revela um caráter individualista, antissocial, separatista e retrógrado em todos os sentidos. O ministro demonstra não ter uma avaliação realista em relação às condições socioeconômicas do nosso povo, ao querer comparar ricos com pobres; ao dizer que os primeiros pagam impostos, como se os menos favorecidos tivessem culpa por não pagar. Não analisa a questão da escravidão, que criou uma grande classe de desvalidos, sem a menor condição de alçar aos melhores meios sociais. Critica as posições de esquerda dos reitores, mas ele pode defender posições da direita ao tentar impor às escolas ideologias retrógradas como a questão da família conservadora. Agride os professores do ensino fundamental por quererem que as aulas retornem somente após a vacinação completa dos educadores, como se a defesa das suas vidas não fossem importantes.
Milton Ribeiro faz parte de um governo que tenta por todos os meios retornar aos tempos retrógrados do conservadorismo ideológico, onde a ciência e a democracia não tem vez. Onde só tem direitos uma determinada categoria de privilegiados, como eles dizem, “capazes”. Pretendem manter o “status quo” da desigualdade e da falta de um projeto para que todos os brasileiros possam ascender socialmente. Querem que este país continue a ser uma “Belíndia”, termo criado por Edmar Bacha, para demonstrar um país fictício, ambíguo e contraditório, que resultaria da conjunção da Bélgica com a Índia, com leis e impostos do primeiro, pequeno e rico, e com a realidade social do segundo, imenso e pobre. Este é o país que a atual equipe do governo federal tenta manter, por acreditar que o mundo não é para todos, mas somente para alguns.