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O MACHISMO

O MACHISMO 1
O MACHISMO 2
PRÁXIS – por Antônio Rodrigues Belon

Vivemos – mulheres, homens, jovens, velhas e velhos, sem distinção – na sociedade capitalista, de classes. No Brasil, um pais ocupante de um lugar específico no sistema mundial. Uma nação localizada em relações internacionais, obviamente.

A ideologia machista e patriarcal deita raízes profundas neste solo. Impregna os homens (que oprimem) e as mulheres (que são oprimidas). A opressão é exercida, vivida e percebida como “natural”.

Quem vive adquire uma forma de consciência. Então é legítimo propor uma dessas formas. Não acreditar em ideias sem bases materiais. Saber da impossibilidade de renovar a existência humana sob o capitalismo.

Nós somos iguais às outras pessoas. Mas a cada minuto podemos começar uma origem. De fato, recomeçar – nas dimensões da classe trabalhadora – uma perspectiva de uma vivência humana, social, em plenitude. 

Mas um diferencial existe: um programa revolucionário de mudança. De mudança dessa sociedade pela luta. Estudar, agir, fazer a revolução.

A questão das opressões entra nesta concepção. Torna-se um item básico nesta pauta.

Os homens e as mulheres – enquanto membros da classe trabalhadora – se encampam essas lutas nas associações, nos sindicatos, nas centrais, nos partidos, começam – de imediato – a abolição de todas as formas de opressão, a começar pelo machismo.

Uma luta em dois aspectos: o externo, geral; e, o interno, singular, individual. Interno na vida, no ser, na existência individual.

UMA PEQUENA CRÔNICA SOBRE BARRIGAS

UMA PEQUENA CRÔNICA SOBRE BARRIGAS 3
UMA PEQUENA CRÔNICA SOBRE BARRIGAS 4
Antonio Rodrigues Belon

Um dia chorei na barriga de um avião.
Decolava do aeroporto de Buenos Aires – o Aeroporto Internacional de Buenos Aires-Ezeiza. Voltava cheio de saudades e encantos.
Minha mãe, já falecida, era argentina. Fiz uma associação emocional – não chore por mim, argentina, a minha mãe. Não chore por mim, Argentina, essa terra um pouco minha.
E inteiramente minha, pela sua classe trabalhadora, pela minha gente trotskista. Do ventre de minha mãe, ao ventre daquela aeronave, atmosfera argêntea. A argentina não chora mais por mim; a Argentina nem sabe de mim; eu choro, mas também me entrego, de corpo e ser, a uma luta encarniçada pela revolução.
O fluir das lutas, dos tempos e dos lugares, é parte desta transição.
Qual um Jonas aéreo alinhavo estas palavras.

NEM-NEM DO PÃO E NEM-NEM DA LIÇÃO

NEM-NEM DO PÃO E NEM-NEM DA LIÇÃO 5
NEM-NEM DO PÃO E NEM-NEM DA LIÇÃO 6
PRÁXIS por Antônio Rodrigues Belon

Indicativos amplamente divulgados e conhecidos assustam. Largo percentual dos jovens não completam o ensino fundamental. Ficam longe da escola. Não retornam a ela. Sem lição.

E não encontram empregos. Sem estudo e sem trabalho. Nem escola nem emprego. O impacto de tudo isso é muito grande nos jovens das camadas populares. Nas esquinas periféricas eles se amontoam sem horizontes. Sem pão.

Esta situação piorou nos últimos anos. Nas costas e na pele das gentes jovens da classe trabalhadora ficam as marcas. Isto fala mais alto do que as estatísticas. Pelas esquinas das cidades brasileiras o retrato configura-se. Nem pão nem lição; falta de rumos.

A geração nem-nem cresce sem saber para onde ir. Sem sentido e sem direção.

Milhões de pessoas sem emprego no Brasil. Boa parte é da geração nem-nem. Nem emprego, nem estudo; nem vida alguma. Nem nada.

Uma grande parte dos empregos atuais é composta por trabalhos inteiramente precários. Surgem atividades de baixíssima remuneração.  Os baixos pagamentos se aliam às exigências de graus de escolaridades maiores. Contraditoriamente, estudar mais anda de mãos dadas com ganhar menos. A escola sem valor; o trabalho sem valor.

E a educação?

Entre o trabalho e a educação vive uma faixa etária em final da adolescência e começo da vida adulta. Vive a juventude nem-nem.  Juventude perdida; gerações perdidas.

O mundo do trabalho, na sua expressão como mercado, no capitalismo, exige o aumento da escolaridade. E os governos não investem valores satisfatórios em Educação. Nem pensar.

Que conclusão tirar?

A educação não é prioridade neste país. Se a prioridade dos governos fossem uma educação de qualidade, teríamos conseguido diminuir consideravelmente os analfabetismos. O analfabetismo absoluto; e, o funcional. Seria um reencontro para as gerações perdidas.

Mas valem outras prioridades. Os pagamentos das dívidas – ou seja, dominam as relações entre os governos e o capital, as empresas. Os pagamentos de dívidas para os ricos estão acima dos investimentos nas áreas sociais, para os pobres. Dizer pobres é dizer trabalhadores, empregados e desempregados.

Sucessivas contrarreformas recebem a denominação de reformas – disto e daquilo.

As mobilizações sociais seguem nas ruas por educação e empregos. Isto é importante para a juventude. A juventude exige empregos, saúde e educação de qualidade. Exige um futuro digno, com mais direitos. Chega de nem-nem. Nem isto nem aquilo: estômago e cabeça.

É possível vencer nesta luta. Para isso, é necessário exigir do governo outra política econômica. Uma política econômica a serviço dos trabalhadores, não dos banqueiros. Ou mais que isto; nunca menos.