No dia 25 passado a BBC News trouxe uma reportagem sobre a primeira mulher negra romancista do Brasil. Trata-se de Maria Firmina dos Reis, que viveu entre 1822 e 1917, na cidade de Guimarães, no Maranhão. Segundo a reportagem, o retrato pintado da autora, presente na Câmara de Vereadores da cidade, era de uma mulher branca, que teria escrito o romance “Úrsula” em 1859. Diz a reportagem:
“Em um busto esculpido em sua homenagem, hoje exposto na Praça do Pantheon, no centro de São Luís, pouco transparece da descrição feita por ex-alunos e conhecidos de Maria Firmina: uma mulher de rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, cortado curto e amarrado na altura da nuca, com nariz curto e grosso.”
Régia Agostinho, professora da UFMA, diz que o busto apresenta uma mulher de nariz afilado, lábios finos e cabelos liso amarrados em coque, uma descrição que nada lembra uma mulher negra. Firmina só foi redescoberta em 1962 por um historiador paraibano, Horácio de Almeida, que encontrou em um sebo no Rio de Janeiro uma edição de “Úrsula”, hoje considerado o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão.
A escritora teria sido filha de uma escrava alforriada e pai negro. Ao ficar órfã foi morar com uma tia que tinha condições econômicas para dar estudo à sobrinha, caso raro na época para uma negra. Em 1847 Maria Firmina passou em um concurso público para lecionar em escola primária, onde se aposentou. Quando foi receber o título, negou-se a ser carregada por escravos como era o costume. Teria dito: “Negro não é animal para se andar montado nele”.
Por 50 anos publicou suas obras em jornais maranhenses como contos, poesias e crônicas. Entre eles se destacam “Gupeva” (1861) e “A Escrava” (1867). Também fundou a primeira escola mista do Maranhão, com meninos e meninas. Morreu em 1917, aos 95 anos de idade, deixando 11 filhos adotivos.