Com a pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), as unidades de ensino da Rede Municipal e Rede Estadual de Três Lagoas e Selvíria interromperam as aulas no início de março de 2020, como forma de prevenção à saúde de crianças e educadores que passam boa parte do seu dia a dia dentro das unidades.
Com o agravamento de casos da doença, que, segundo o boletim da última quarta-feira (23) da Prefeitura Municipal de Três Lagoas, chegoua 1970 casos positivos confirmados e 31 óbitos no município, o retorno das aulas durante a pandemia, sem nenhum tipo de segurança ou suporte do governo, seria inadmissível.
Há discussões sobre um possível retorno das aulas na Rede Estadual de Ensino, para o ensino médio, onde já está sendo distribuídos equipamentos como máscara e álcool em gel nas unidades de ensino, porém a FETEMS (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) e o SINTED (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica de Três Lagoas e Selvíria), representantes legítimos dos trabalhadores da educação, estão empenhados em impedir este retorno, visto que um retorno seguro vai além de uso de máscaras e álcool em gel, mas sim com planos e projetos que prevê a segurança da saúde de todos os alunos e trabalhadores da educação, incluindo nele a vacina, única forma científica e eficaz de impedir a disseminação do vírus.
Ademais, entendemos que no âmbito municipal se faz necessário a criação de uma Comissão Provisória com representatividade da Educação, Saúde, Assistência Social, Ministério Público e SINTED para discutir coletivamente medidas de biossegurança para o funcionamento das unidades de ensino, quando houver recomendações dos órgãos competentes.
Sabemos que controlar milhares de crianças com máscaras e álcool em gel nas escolas não seria o suficiente, pois a matemática é simples: apenas um educador para cuidar de uma sala cheia de alunos, em sua maioria crianças, que podem usar as máscaras indevidamente ou colocarem as mãos em objetos, propagando a doença rapidamente e com facilidade.
A tragédia do retorno das aulas seria certeira. Temos o exemplo de unidades de outros estados, como as escolas da Rede Estadual de Manaus, que com a retomada das aulas, sem planos de biossegurança do governo estadual, contaminou 342 professores na capital do Amazonas.
Segundo a Agência Brasil, o Distrito Federal também é um dos casos em que o retorno foi anunciado, mas depois houve recuo. Outros estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro também se encontram em discussões sobre o retorno presencial, porém até o momento não há decisões precipitadas dos governos.
Por isto reforçamos: não é o momento para o retorno das aulas. Aulas remotas não é a preferência, porém é a solução no momento. Devemos pensar não só nas crianças e educadores, mas também nas milhares de famílias que estariam sujeitas à contaminação por irresponsabilidade do governo.