“As perdas do nível de aprendizagem esperado para os alunos da última série do ensino médio, especialmente em matemática, por causa das dificuldades decorrentes do fechamento das escolas durante a pandemia, trouxeram problemas graves para o próximo vestibular das universidades públicas. De que modo elas podem exigir dos vestibulandos conhecimentos que não tiveram condições de aprender?” Este é o parágrafo inicial do Estadão (19/08/21) sob o título “A matemática e os vestibulares”.
Fui um estudante que tentou vaga para Medicina na UFMS. Fui derrotado pela Matemática! Ora, a Matemática, assim como outras ciências exatas como a Física, exige alto grau de abstração e de raciocínio. Os estudantes que têm dificuldades de concentração ou de entendimento precisam de apoio bem próximo dos professores e de tempo para absorver o explicado, mas a estrutura do nosso ensino não permite. Também muitos professores apresentam dificuldades didáticas.
Outro grande problema do nosso ensino é a falta de aulas o suficiente (um só turno) para que o professor possa trabalhar com mais calma os alunos, além de os conteúdos estarem, em minha opinião, fora da realidade dos educandos. Também os vestibulares cobram acima do nível de aprendizado da grande maioria dos estudantes, notadamente os da rede pública, provocando uma verdadeira corrida para os “cursinhos” para recuperarem o que perderam. Aí, aqueles que não têm renda suficiente para pagar aqueles cursos, ficam na berlinda da concorrência.
Este país tem o grande defeito de querer colocar um litro de água em um copo de 300 ml, ou seja, quer fazer tudo o mais rápido possível, com o maior número de conteúdos possível, como se isso fosse resolver o nosso problema de deficiência cultural. Esquecem que a pressa é inimiga da perfeição! Se não reorganizarmos o nosso sistema de ensino dentro da realidade dos nossos alunos, continuaremos em uma louca corrida do atropelamento da aprendizagem.
Petrônio Filho – Dptº Imprensa e Divulgação