A proposta da atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, de criar um canal de denúncia contra os professores do país é mais uma atrocidade que, de forma recorrente, os gestores públicos do Governo Bolsonaro cometem contra a educação e os/as educadores/as brasileiros/as. Um governo que valoriza a estupidez e a violência não poderia mesmo escolher outro alvo de seus ataques que não a educação!
A escola deve ser um ambiente de liberdade por parte dos/as educadores/as e educandos. Um espaço que garanta respeito, admiração, reciprocidade e trocas permanentes entre o/a professor/a em sala de aula e estudante. Assim é no mundo inteiro e, até aqui, esse é o melhor modo pelo qual a autoridade do/a docente se constrói junto às crianças e jovens. Mas o governo que se esmera em dar dignidade aos ignorantes e cargos aos indigentes não pode se prestar a valorizar a educação. Os ataques aos profissionais da educação, aos estudantes, às universidades, às escolas, ao livre pensamento e exercício profissional do magistério, que vem de todos os lados deste governo, só constroem desconfiança e minam qualquer relação positiva que se pode potencialmente ter na relação estabelecida dentro de um ambiente escolar.
Essa proposta da ministra ajuda a consolidar o caldo cultural a que estamos todos submetidos nos tempos de hoje, em que o/a professor/a parece ter virado o inimigo público da nação desde que este grupo político chegou ao poder em Brasília. Esse clima de animosidade que se instalou contra o exercício livre do magistério e da docência, que vai ao encontro de políticas defendidas por movimentos como o da “Escola sem Partido”, não favorece a educação e tampouco o processo de ensino-aprendizagem. Cria e constrói uma relação de suspeição permanente entre estudantes e pais com os seus professores/as. Estratégias como essas interditam o diálogo saudável que deve existir no ambiente escolar.
Nesse sentido, os/as educadores/as de todo o país repudiam a postura da ministra que, não pela primeira vez, demonstra claramente a sua relutância com o direito à educação, assegurado no texto de nossa Constituição de 1988. Não aceitaremos essa postura de criminalizar o exercício de nossa profissão e exigimos respeito!
Brasília, 22 de novembro de 2019
Direção Executiva da CNTE