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SALÁRIOS X LEITE CONDENSADO

Por Petrônio Filho

A Lei Complementar 173, publicada pelo atual governo federal, proibiu, entre outras coisas, o reajuste de salários dos servidores públicos federais e dos estaduais e municipais para os entes federados que aderissem ao plano de ajuda do governo federal, até o final deste ano. Como a situação estava (ainda está) calamitosa, governadores e prefeitos assinaram o termo. O principal objetivo da lei é “conter gastos para não elevar mais ainda as despesas governamentais”.

Entre as promessas do atual presidente, feitas durante a sua campanha eleitoral, foi que ele não faria concessões ao “centrão” e não promoveria gastos pessoais como nos governos anteriores. Bom, nesta semana a imprensa publicou gastos enormes no cartão de despesas do Palácio Alvorada. O que mais chamou a atenção de todos foram os gastos com a compra de milhares de latas de leite condensado, o que provocou vários memes, entre eles um em que no rótulo de uma das marcas aparece a cara do presidente. Irritado com o fato, Bolsonaro desferiu palavrões aos repórteres: “Comprei latas de leite condensado para que vocês da imprensa enfiasse no rabo”. Como se não bastassem as mentiras do presidente e alguns de seus ministros, Bolsonaro desrespeita o controle de gastos e ainda usa palavrões para atacar que o denuncia.

Como servidores da educação, ficamos profundamente revoltados com tais desídias presidenciais. Se os nossos salários não podem ser reajustados, como o chefe da nação, que deveria dar exemplos de boa conduta, infringe a própria lei? Isso sem falarmos dos aumentos concedidos por vários prefeitos recém-eleitos aos seus secretários e para eles mesmos sob a alegação de que seus salários estavam defasados. Os nossos não estão? Durante todas as campanhas o que mais ouvimos de muitos candidatos foi a necessidade de controlar gastos dos governos para “atender ao mercado”. Como disse Ciro Gomes: “Que figura fantasmagórica é essa (mercado) que não conheço?”. Estamos vivenciando uma proliferação de “caras de pau”! “Óleo de peroba neles!”.

Com tudo isso, só podemos repudiar as atitudes do presidente e de vários prefeitos e governadores, além de assembleias legislativas e judiciário, que promoveram gastos enquanto milhões de brasileiros sofrem com arrochos salariais e desempregos. Bolsonaro foi eleito não por ter um plano de governo (nunca teve) para tocar o país. Foi eleito porque dizia que em seu governo não existiria corrupção, acordos com o “centrão” e nem gastos desnecessários. Justamente nestes três quesitos o presidente peca, jogando mais descréditos para o desatino dos brasileiros. Para ele, leite condensado, seja para que for, vale mais que salários. Lamentável!

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