De acordo com a reportagem da BBC News para a antropóloga transexual Brume Dezembro Iazzetti, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o ingresso de pessoas trans em instituições de ensino superior é recente no país, datando dos últimos dez anos. Um levantamento feito pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), mostrou que apenas 0,1% de estudantes de universidades federais se declararam homem ou mulher trans.
Apesar do pequeno aumento do número de transexuais nas universidades, isso não mostra a luta e sofrimento que está por trás da história de cada uma dessas pessoas antes de chegar à academia, seja em suas famílias consanguíneas, na educação básica ou no acesso à saúde. Iazzetti aponta para uma pesquisa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) que mostrou que grande parte das travestis é expulsa de casa aos 13 anos de idade, por exemplo. “Todos esses fatores afetam diretamente o acesso e permanência de pessoas trans na universidade e eventualmente no ingresso ao mercado de trabalho”, diz.
Essa situação é reflexo de uma sociedade conservadora, onde o diferente é repudiado. Também contribui a falta de leitura da grande maioria da nossa população, além de conceitos retrógrados de algumas igrejas. Com certeza isso mudará ao longo dos anos com o desenvolvimento cultural e educacional do país. Cabe a nós, educadores, contribuir para que essa postura de repúdio aos trans termine de vez.
Com informações da BBC News, 05/10/2020.