Por: Petrônio Filho
Como é difícil escrever sobre você… Mulher!
Como colocar-me em seu lugar? Como sentir o que você sente?
O que é ser mãe? O que é ser responsável única pela casa por séculos?
O que é empreender uma luta por décadas? O que é viver em um mundo machista?
Nunca! Nunca, nós, homens, conseguiremos responder a essas indagações. Por milhares de anos a mulher teve que “responder” por imputações como “pecadora”, pois a Eva foi a culpada da nossa expulsão do Paraíso. Como “bruxa”, porque tinha pacto com o demônio. Como a “Rainha do Lar”, porque era a única responsável pelo bem estar da família. Essa “herança” ideológica foi produzida pela Igreja, dominada por homens.
“Historiadores e estudiosos do século XIX popularizaram a imagem de mulheres paleolíticas com aspecto selvagem coletando frutos enquanto esperavam que seus caçadores as arrastassem pelos cabelos até o fundo da caverna. Ao contrário da imagem da mulher submissa diante de musculosos caçadores de mamutes, teorias mais recentes sustentam uma outra visão das mulheres paleolíticas. Elas seriam parceiras dos homens na fabricação de raspadores, facas e pontas. Estavam tão aptas quanto eles para caçar manejando lanças e construindo armadilhas. (Joelza Ester Domingues – Blog Ensinar História)
“Para realizar a revolução neolítica, os homens, ou mais exatamente as mulheres, não só tiveram de descobrir plantas adequadas e métodos apropriados de cultivo, mas também de inventar ferramentas especiais para lavrar o solo, segar e armazenar a colheita e transformá-la em alimento.” (Gordon Childe – Revolução Neolítica).
Como podemos observar nos textos acima, nem sempre a mulher teve um papel secundário na sociedade humana. Pelo contrário, ela participava juntamente com os homens na construção social durante a Pré-História. Sem dúvidas, a ascensão do homem como líder político, militar e religioso ao longo dos séculos que relegou a mulher à sua submissão. As ordens religiosas foram as grandes construtoras da ideologia machista. A Bíblia foi escrita por homens!
Foi graças à Revolução Industrial ocorrida durante os séculos XVIII e XIX na Europa que as mulheres começaram as lutas pelo seu espaço social igualitário ao dos homens. O processo industrial levou à urbanização. As indústrias e as cidades necessitavam da mão de obra feminina, começando pelas indústrias têxteis. Isso levou as mulheres deixarem de ser “lides do lar” para assumir junto com os homens aquele papel que antes tinha nas sociedades pré-históricas: trabalhar juntos! A partir de então as mulheres passaram a levantar a bandeira da igualdade em relação aos homens.
O 8 de março surgiu com as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, o que aconteceu em 8 de março de 1917, ou seja, durante a Primeira Guerra Mundial. A manifestação, que contou com mais de 90 mil russas, ficou conhecida como “Pão e Paz”, sendo este o marco oficial para a escolha do Dia Internacional da Mulher no 8 de março, data que somente foi oficializada em 1921. Após este conflito, e com as transformações trazidas com a Segunda Revolução Industrial, as fábricas incorporaram as mulheres como mão de obra barata. No entanto, devido às condições insalubres de trabalho, os protestos eram frequentes. Também nas primeiras décadas do século, as mulheres começam a lutar pelo direito ao voto e à participação política.
E elas conseguiram! Com muita coragem, ao enfrentarem o machismo, muitas morreram. Não desistiram! Como prova de que são tão capazes como nós homens ou até mais, elas conquistaram o seu lugar social. São nossas inimigas? Não! Elas são nossas companheiras de jornada. Como homens, só nos resta pedir perdão pelos séculos de estupidez e ignorância. Só nos resta segurar a sua mão, mulher, e seguirmos juntos em nossa caminhada rumo ao futuro.