Por Petrônio Filho
A história humana não é uma linha reta ascendente de desenvolvimento. Ela é uma sinuosidade com ascendência e descendência, onde a primeira representa a evolução social, cultural, política e econômica e a segunda significa o retrocesso disso tudo.
Durante os anos 40, 50, 60 e até meados dos anos 70 do século passado, o nosso país apresentou altos índices de crescimento e de desenvolvimento. Saímos de uma cultura conservadora para uma inovadora, com novos padrões ideológicos como o movimento yuppie, a tropicália, a bossa nova, a jovem guarda, o rock e outros.
A partir de meados dos anos 70, entramos em uma crise econômica que aumentou nos anos 80, causando uma profunda crise social que desaguou na queda do regime militar. Apesar da queda da economia, o desenvolvimento cultural seguia forte com o cinema nacional, o rock nacional, a MPB, o samba, o teatro e outras áreas da cultura. Retornaram as grandes mobilizações políticas e a redemocratização.
Em 1990, Collor toma posse como o primeiro presidente eleito após o fim da ditadura militar. Suas tentativas de melhorar a economia não deram certo e a crise social continuou. Fernando Henrique cria o Plano Cruzado durante o governo de Itamar Franco, equilibrando a nossa economia. Depois, como presidente, cria, com ajuda de Betinho, os planos de ajuda social aos mais pobres. A cultura continua com sua evolução, apesar da força do neoliberalismo adotado por FHC.
Lula é eleito mediante a crise econômica de 98. Seu governo é marcado pelas obras de cunho social e de recuperação da nossa economia. Sua política externa é marcada pela total independência, estreitando laços com todos os países, principalmente os do chamado Terceiro Mundo. A pobreza diminui e os estudantes da classe humilde chegam às universidades federais. Dilma assume seu lugar e continua com aquelas metas.
O segundo mandato de Dilma é marcado pela crise econômica mundial. Seguindo os conselhos de seu ministro da fazenda, Guido Mantega, a presidente tenta manter o crescimento do país com medidas que futuramente iriam levar o país ao retrocesso econômico. Trocou o ministro na tentativa de reerguer a nossa economia, mas o Congresso passa a não aprovar as medidas enviadas por ela para provocar mais crise. O resultado foi o seu impeachment. Aqui inicia uma reviravolta na cultura nacional, com o retorno dos ideais conservadores, com Temer no poder.
A eleição de Bolsonaro representou a ascensão do conservadorismo e da extrema direita. Os ideais de vanguarda são deixados de lado por boa parte da sociedade, influenciada pela mídia. A partir daí o governo passa a retirar toda a estrutura de debates existentes em sua esfera. Conselhos são desestruturados e leis são modificadas. Conquistas sociais e democráticas são retiradas. A educação retorna aos ideais dos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial, bem como a cultura oficial. Tudo que foi construído em décadas é jogado no ralo do conservadorismo ideológico. Com isso, entramos na parte descendente da espiral histórica.
O ano de 2022 vem aí. Com ele, a esperança de retornarmos à parte superior da sinuosidade histórica. Basta que a população enxergue o retrocesso vivido por nós neste momento para que ela dê a meia volta na sua escolha política e nos faça retornar à ascendência cultural, política, econômica e social. O ano de 2022 pode representar nosso retorno ao crescimento a ao desenvolvimento em direção a uma sociedade justa de democrática.