‘Tia, eu sei desenhar um hambúrguer, mas nunca comi. Eu já sonhei que comia’, disse uma aluna de Ludmila Cruzal
Durante uma aula sobre a letra H, a professora Ludmila Cruzal perguntou aos alunos da educação infantil se eles gostavam de hambúrguer. Na turma de crianças de 5 e 6 anos da escola pública em que ela trabalha em Magé, no Estado do Rio de Janeiro, uma resposta deixou Ludmila sem palavras: “Tia, eu sei desenhar um hambúrguer, mas nunca comi. Eu já sonhei que comia.”
“Eu fiquei com o coração partido e me contive para não chorar na frente deles. Metade da turma nunca tinha comido hambúrguer. Dos que tinham, a maioria foi em barraquinhas simples”, relata a professora ao E+, emocionada.
Ludmila vive entre duas realidades. Pela manhã, ela dá aula em escola pública em uma comunidade de Magé, e no período da tarde tem uma turma de escola particular na cidade.
Em ambas as escolas, ela pediu que os pequenos escolhessem entre ‘hipopótamo’, ‘hospital’ e ‘hambúrguer’ para praticar o uso da letra H. “Na particular, faz parte da realidade deles ir ao zoológico e ver o hipopótamo, ir ao McDonald’s e comer um hambúrguer”, explica. Mas na pública foi diferente. “Eles escolheram o hambúrguer porque um aluno estava muito feliz por ter ido pela primeira vez ao McDonald’s com a ‘dinda’, a madrinha dele.”
Ludmila relembra que uma coleguinha perguntou ao menino o que vinha dentro da caixinha do lanche. ‘É verdade que vem briquedo?’
Com o ‘coração partido’, como ela mesma diz, decidiu tomar uma atitude. Assim que recebeu o salário, organizou uma ‘hamburgada’ para os pequenos, com autorização da nutricionista e da direção da escola.
Ela levou pães frescos, hambúrguer, alface, condimentos… “Tudo para ficar bem parecido com o lanche do McDonald’s”, com o qual os pequenos literalmente sonham.
A alegria dos alunos foi registrada em um cartaz na sala. “Realizou meu sonho. Agora pode fazer pizza”, escreveu Ambrósio. “A tia arrasou”, comemorou Guilherme. Mas, entre as respostas, uma emocionou Ludmila. “Meu primeiro hambúguer, queria levar para casa, meu irmão ia gostar também”, disse Henrique.
“Ele se preocupou com o irmão, que não estava lá. Deixei que ele levasse alguns que sobraram para casa”, conta a professora.
Ludmila recebeu muitas mensagens de apoio e carinho nas redes sociais. “Infelizmente não tenho condições de comprar um McLanche Feliz para cada um, mas um pouquinho de alegria tenho certeza que conseguirei”, escreveu no Facebook.
Fonte: Estadão
Confira o relato:
“Sou professora de educação infantil e gostaria de compartilhar uma experiência com vcs que aconteceu em minha sala de aula. Vivo duas realidades completamente diferentes, pois em um horário trabalho em uma escola( creche) pública e no outro turno em uma particular( professor tem q ralar o dia todo né?!?! )rsrs
Ao retornar do recesso escolar, na escola pública, fui apresentar a letrinha “H” e dei algumas opções para que votassem qual gostariam de escrever e aprender melhor✍ ” Hipopótamo/ Hospital/ Hambúrguer…”
Eles escolheram… HAMBÚRGUER pq um aluno foi ao Mc Donald e contou sua experiência para seus amiguinhos.
” Levanta a mão quem gosta de hambúrguer? “
Para minha surpresa, pouquíssimos…
Perguntei: Como assim não gostam de hambúrguer???
” Tia, nunca comi um, mas já sonhei que comia”
Respira, engole o choro e refletir é inevitável..algo tão simples para tantos, tão frequente para muitos que chega ser utópico acreditar que eles nunca comeram.
Esperei o dindim cair na conta rsrs e amanhã vamos fazer hambúrguer p toda turminha! Vou acordar e comprar o pão fresquinho. A nutri da creche autorizou e a diretora tbm. Infelizmente não tenho condições de comprar um mc lanche feliz para cada um, mas um pouquinho de alegria tenho certeza que conseguirei. Desculpa o textão. Bjos da FESSORA 😘😍”
Fotos: Ludmila Cruzal (Facebook).