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UMA PEQUENA CRÔNICA SOBRE BARRIGAS

Antonio Rodrigues Belon

Um dia chorei na barriga de um avião.
Decolava do aeroporto de Buenos Aires – o Aeroporto Internacional de Buenos Aires-Ezeiza. Voltava cheio de saudades e encantos.
Minha mãe, já falecida, era argentina. Fiz uma associação emocional – não chore por mim, argentina, a minha mãe. Não chore por mim, Argentina, essa terra um pouco minha.
E inteiramente minha, pela sua classe trabalhadora, pela minha gente trotskista. Do ventre de minha mãe, ao ventre daquela aeronave, atmosfera argêntea. A argentina não chora mais por mim; a Argentina nem sabe de mim; eu choro, mas também me entrego, de corpo e ser, a uma luta encarniçada pela revolução.
O fluir das lutas, dos tempos e dos lugares, é parte desta transição.
Qual um Jonas aéreo alinhavo estas palavras.

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