Desde o seu surgimento, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) tem sido um instrumento extraordinário para aumentar o número de matrículas nas escolas públicas. Porém, a vigência do fundo especial está assegurada somente até 31 de dezembro de 2020. Caso não seja renovado, quase metade das escolas públicas do país poderão fechar as portas.
Com
o apoio do SINTED (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Três Lagoas e
Selvíria), a Audiência Pública intitulada “O financiamento da educação no
Brasil e o Novo Fundeb”, foi uma proposta do vereador Marcus Bazé,
realizada na manhã desta quarta-feira (27), às 8h, na Câmara Municipal de Três Lagoas.
A
primeira palestra foi ministrada pela vice-presidenta da FETEMS (Federação dos
Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul), professora Sueli Veiga, onde
apresentou dados sobre as escolas municipais e estaduais de MS, explicando a
importância do Fundeb. Durante sua fala, Sueli ressalta a falta de apoio do
ministro da educação, Abraham Weintraub. “Esse semana o ministro da
educação já alertou que é contra, dizendo que essa proposta não é viável do
ponto de vista fiscal. Nós vamos ter que brigar para conseguir aplicar essa
proposta”, explicou.
Formada
em ciências econômicas pela UFMS, pós-graduada em planejamento estratégico
ADESG e UCDB, e supervisora no DIEESE regional MS, Andreia Ferreira foi a
segunda palestrante da audiência e destacou a importância financeira do Fundeb
para a educação do país. “Hipoteticamente, se a partir do mês que vem não
tivesse o Fundeb, imagine o caos que seria. Isso só pensando nos alunos, sem
considerar os desempregos, pois municípios não podem remanejar seus professores
para outras cidades”. E completa:
“a educação sem o Fundeb seria salas superlotadas, alunos sem merenda,
pais dormindo em filas para fazer matrículas nas escolas. Seria um
retrocesso”.
A presidenta do SINTED, professora Maria Laura Castro dos Santos, ressalta que as mobilizações devem ser feitas a partir de agora, para evitar futuros retrocessos na educação básica brasileira. “Estamos em uma situação difícil. Temos a desvalorização por parte do governo estadual, um governo federal que não tem nenhum intuito em investir na educação, e agora esse risco de perder o fundo especial que garante a educação de milhares de crianças do país. Além de defender a renovação, nós iremos lutar pela ampliação do Fundeb com novos recursos, para poder incluir mais crianças e adolescentes dentro das escolas e valorizar os trabalhadores da educação”.
Após as palestras, houve um debate onde foram sanadas as dúvidas dos trabalhadores da educação que estavam presentes.
Na manhã de hoje (26), representantes do Coletivo Resistência, ATGLT, ANDES e ADLeste estiveram no SINTED, com a presidenta professora Maria Laura Castro dos Santos, em uma reunião para falar sobre os encaminhamentos da carta da 1ª Jornada LGBTQIA+ de Três Lagoas e região.
Na reunião, foi definido os Órgãos Públicos a serem visitados em dezembro para a entrega da carta, sendo eles a Coordenadora Regional de Ensino 12 e a Secretaria Municipal de Educação. Foi discutido também o planejamento da 2ª Jornada LGTBQIA+ para o mês de maio de 2020 e questões LGBTQIA+ do município.
Foi estabelecido, durante a reunião, o novo Comitê Sindical e Popular LGBTQIA+, composto pelos membros representantes do SINTED, Coletivo Resistência, ATGLT, ANDES e ADLeste.
A Prefeitura de Três Lagoas publicou no Diário Oficial dos Municípios do Mato Grosso do Sul, nº 2487, desta terça-feira (26) a abertura das inscrições para o processo seletivo para contratação de Professores em caráter temporário para 2020. As inscrições irão do dia 26 de novembro a 12 de dezembro.
O Processo Seletivo Simplificado se destina a atender as necessidades temporárias excepcionais na Rede Municipal de Ensino (REME), atividades complementares e projetos socioeducacionais, no ano letivo de 2020.
CANDIDATOS
De acordo com o documento, poderão participar os candidatos docentes com ou sem vínculo funcional com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) que pretendam celebrar convocação.
CARGOS
Entre os cargos que atuarão na Rede Municipal de Ensino e Escola Municipal do Campo da REME está: Professor de Educação Infantil (Grupo 1 ao 6); Professor de Ensino Fundamental I (1º ao 3º ano); Professor de Ensino Fundamental I (4º e 5º ano); Professor de Ensino Fundamental II nas áreas de Português, Matemática, Ciências, Geografia, História.
Já entre os cargos que atuarão nas atividades complementares e projetos socioeducacionais está: Magistério ou Normal Médio ou Normal Superior ou Licenciatura Plena em Pedagogia e declaração de experiência em Projetos Socioeducacionais; Licenciatura Plena em Educação Física e declaração de experiência em Projetos Socioeducacionais e Licenciatura Plena em Educação Física e declaração de experiência na área. O processo seletivo contempla educadores esportivos (esportes coletivos, individuais e olímpicos) e de atividades culturais (dança, teatro e música).
A escolha do cargo será feita no ato da inscrição, devendo o candidato inscrever-se em uma única vaga. Para todos os cargos a carga horaria semanal será 20h.
INCRIÇÕES
As inscrições serão realizadas exclusivamente no período de 26 de novembro de 2019 a 12 de dezembro de 2019 apenas pela internet no endereço eletrônico www.fapec.org/concursos onde estarão disponibilizados, o Formulário de Inscrição e o Edital do Processo Seletivo, contendo toda a regulamentação.
O valor da taxa de inscrição é R$ 50. Estará isento da taxa, o candidato inscrito no Cadastro Único que comprovar carência, que estiver desempregado ou que seja doador de sangue.
SERVIÇO
Clique AQUI para ter acesso às informações deste Processo Seletivo Simplificado.
A Escola Estadual Afonso
Pena realizou na manhã de hoje (25), uma Feira de Química com os alunos do Ensino
Médio. Organizado pelo professor de química, Murilo Teodoro Martinez, os alunos
puderam por em prática todo o conhecimento adquirido durante o ano letivo.
A feira acontece todos os
anos e cada turma é responsável por um trabalho. O 3º ano realizou trabalhos
com Químicas Orgânicas, onde produziram detergentes e sabão; O 2º ano ficou com
os estudos da Eletroquímica, com atividades em que passam corrente elétricas,
como por exemplo, a experiência com limões que ligam uma calculadora; E por
fim, o 1º ano realizou reações gerais, em que puderam escolher experiências de química.
O professor Murilo conta que
preza pela aula prática e defende a ideia que é a melhor opção para o aluno
entender a matéria, frisando a importância da ciência para a economia e
desenvolvimento do país.
“Se você vender um produto tecnológico, ele irá valer mais e você trará mais dinheiro para o seu país, e isso não acontece muito no Brasil, porque aqui é um país produtor de commodities, então temos que investir em ciência, onde há uma falta gigantesca de química, física e biologia. Estamos tendo cortes (na educação) e é um absurdo, nenhum país do mundo você vê isso. Se você quer mudar e erguer um país, deve investir na educação. Principalmente na ciência, para gerar produtos melhores. Então a função da escola é essa: despertar a curiosidade dos alunos”, explica.
Nádia Barbosa é bióloga e está
na coordenação do Ensino Médio da escola em 2019, e ressalta que a realização da
feira é uma oportunidade para que o aluno se torne protagonista do
conhecimento. “Esse momento é onde o aluno consegue colocar tudo o que ele
aprendeu no decorrer do ano em forma prática. É muito importante, porque além do
conhecimento teórico, agora ele pode expressar seu conhecimento prático na feira
de química”.
A Feira de Química é um trabalho do 4º bimestre, e tem como objetivo, para os próximos anos, realizar uma feira de ciências incluindo mais disciplinas. O SINTED parabeniza o professor Murilo pela dedicação nas atividades e aos alunos por cada trabalho produzido.
A proposta da atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, de criar um canal de denúncia contra os professores do país é mais uma atrocidade que, de forma recorrente, os gestores públicos do Governo Bolsonaro cometem contra a educação e os/as educadores/as brasileiros/as. Um governo que valoriza a estupidez e a violência não poderia mesmo escolher outro alvo de seus ataques que não a educação!
A escola deve ser um ambiente de liberdade por parte dos/as educadores/as e educandos. Um espaço que garanta respeito, admiração, reciprocidade e trocas permanentes entre o/a professor/a em sala de aula e estudante. Assim é no mundo inteiro e, até aqui, esse é o melhor modo pelo qual a autoridade do/a docente se constrói junto às crianças e jovens. Mas o governo que se esmera em dar dignidade aos ignorantes e cargos aos indigentes não pode se prestar a valorizar a educação. Os ataques aos profissionais da educação, aos estudantes, às universidades, às escolas, ao livre pensamento e exercício profissional do magistério, que vem de todos os lados deste governo, só constroem desconfiança e minam qualquer relação positiva que se pode potencialmente ter na relação estabelecida dentro de um ambiente escolar.
Essa proposta da ministra ajuda a consolidar o caldo cultural a que estamos todos submetidos nos tempos de hoje, em que o/a professor/a parece ter virado o inimigo público da nação desde que este grupo político chegou ao poder em Brasília. Esse clima de animosidade que se instalou contra o exercício livre do magistério e da docência, que vai ao encontro de políticas defendidas por movimentos como o da “Escola sem Partido”, não favorece a educação e tampouco o processo de ensino-aprendizagem. Cria e constrói uma relação de suspeição permanente entre estudantes e pais com os seus professores/as. Estratégias como essas interditam o diálogo saudável que deve existir no ambiente escolar.
Nesse sentido, os/as educadores/as de todo o país repudiam a postura da ministra que, não pela primeira vez, demonstra claramente a sua relutância com o direito à educação, assegurado no texto de nossa Constituição de 1988. Não aceitaremos essa postura de criminalizar o exercício de nossa profissão e exigimos respeito!
Brasília, 22 de novembro de 2019 Direção Executiva da CNTE
O vereador Marcus Bazé esteve na tarde de hoje (21), no SINTED, juntamente com a nossa diretoria para falar sobre a PEC 15/2015, o Novo Fundeb.
Um dos principais mecanismos de financiamento da educação pública brasileira está em risco: o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – tem vigência assegurada até 31 de dezembro de 2020. Se não for renovado, quase metade das escolas públicas do país poderão fechar as portas.
O Fundeb já provou ser um instrumento extraordinário para aumentar o número de matrículas nas escolas públicas. Mas os recursos ainda são insuficientes: precisamos incluir, com qualidade, mais de 2 milhões de crianças e adolescentes que ainda estão fora da escola. Também é necessário atender os quase 80 milhões de jovens e adultos acima de 18 anos de idade que não concluíram a educação básica e os mais de 13 milhões de adultos analfabetos no país.
No dia 19 de novembro, também foi realizada uma reunião com o vereador para falar sobre o assunto.
A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), a pedido da FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal), no dia 18 de julho de 2019, com ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a Lei Complementar n.º 266/2019, que reduz salários dos(as) professores(as) contratados(as) pelo Governo do Estado.
“A lei sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) trata ‘de forma desigual os iguais. A decisão do relator do processo é o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que se manifestou favorável a anulação de dois artigos é um passo para a vitória. Quando se descumpre uma meta do plano plurianual, que é de valorizar o profissional da educação, essa atitude do governo vai na contramão. Se você diminui a remuneração, estará dizendo que a qualidade da educação pública não é importante”, disse o Presidente da FETEMS, Professor Jaime Teixeira.
A Comissão Eleitoral Central está de plantão recebendo as inscrições das chapas do processo eleitoral para Diretores e Diretores Adjuntos da Rede Municipal, e estará atendendo das 8h às 17h, durante os dias de hoje e amanhã (21/11 e 22/11), na SEMEC, no Centro Cultural Irene Marques Alexandria, localizada no endereço R. Alexandre Costa, 130 – Centro, Três Lagoas – MS.
É o nosso SINTED, em parceria com a SEMEC, participando da comissão eleitoral para que tudo dê certo, de maneira correta e justa nas unidades de ensino.
Feriado nacional é marcado por lembranças à escravidão e lideranças negras que lutaram contra a subordinação
Em 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares, liderança negra que lutou contra a escravidão, foi assassinado durante conflito entre colonos e quilombolas, na região hoje conhecida como Serra da Barriga, em Alagoas.
O feriado é para o cidadão brasileiro refletir o quanto negros e negras sofreram no período escravocrata e também para lembrar dos guerreiros e guerreiras que surgiram diante de tamanhas opressões.
O Brasil foi a última nação a abolir a escravidão na América Latina, e mesmo ela tendo ocorrido de maneira formal em 13 de maio de 1888, a luta por liberdade e pelos direitos mínimos sempre fizeram parte da população negra.
Vale lembrar que o IBGE aponta que 112,7 milhões (54,9%) dos brasileiros se autodeclaram pardos (46,7%) e negros (8,2%); vale lembrar que a cultura africana é cheia de riqueza; vale lembrar que preconceito é crime e que a cor da pele não torna um ser humano melhor que o outro.
Assim como os povos indígenas, os africanos fazem parte da construção do que hoje conhecemos como Brasil: repleto de diversidade, beleza, garra e carisma.
Mary Neide faz ponderações sobre o tema, que é um direito previsto no ECA, na BNCC e nos Parâmetros Curriculares
A psicóloga e educadora Mary Neide Damico Figueiró conhece como poucos as barreiras encontradas no ambiente educacional brasileiro quando o assunto é implantar programas de educação sexual. Mestre em psicologia escolar e doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com a tese A formação de educadores sexuais: possibilidades e limites, professora sênior da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mary Neide é um dos profissionais mais requisitados por colégios e redes escolares do país para cursos e palestras sobre o tema. Nessa entrevista a Educação, ela qualifica de “lamentáveis” as posições “ultraconservadoras” do presidente Jair Bolsonaro e de seus auxiliares sobre o tema e afirma que a educação sexual é, antes de tudo, um “direito dos adolescentes e jovens previsto por lei”. Confira:
O presidente Bolsonaro disse que educação sexual deve ser feita “pelo papai e pela mamãe”, e não na escola. O que acha?
Essa e outras manifestações ultraconservadoras do presidente e de seus auxiliares, sobre educação sexual e outras questões relacionadas a comportamento, são lamentáveis. Falta a eles entendimento sobre as funções da escola, do professor, dos pais e da família nesse contexto. Fazem distorções imensas sobre o tema. Os pais obviamente contribuem para a educação dos filhos, inclusive no plano da sexualidade, a vida inteira. Mas, como ocorre em outras áreas, também nesta a atuação exclusiva dos pais está longe de ser suficiente.
Por que educação sexual nas escolas é importante?
Praticamente todos os estudos e pesquisas feitos no mundo sobre o tema mostram que alunos submetidos à educação sexual nas escolas, ao contrário do que pensam os mais conservadores, iniciam mais tarde a vida sexual, são mais cuidadosos, escolhem melhores parceiros e envolvem-se com gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis, as ISTs – agora usamos infecções em vez de doença nesses casos – com frequência bem menor. E, para além de tudo isso, é um direito de todos eles, definido por lei. Está no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais e também na Base Nacional Comum Curricular.
É possível definir uma idade padrão para a iniciação sexual?
Oficialmente, não. Essa definição fica a cargo de cada um e dos consensos familiares, porque a questão varia de jovem a jovem e de família a família. A rigor, sabemos que, no mundo real, é mais do que comum nem mesmo pais e familiares terem informação ou controle sobre como, com quem, em que períodos e circunstâncias a filha ou o filho iniciaram ou irão inaugurar a vida sexual. Mesmo porque adolescentes e jovens inseguros com os pais não costumam passar a eles essas informações, ou boa parte delas, com medo de serem reprimidos em algo que desejam fazer naquele momento da vida por paixão ou outra motivação.
E, para evitar ter os passos controlados ou sofrer pressão para deixar o namorado ou a namorada, por exemplo, não dizem o que se passa com eles. Eis o cenário de risco para gravidez precoce e ISTs, entre outras coisas. Essas questões também evidenciam a necessidade de professores e escolas para trabalhar o tema. Como as relações emocionais com professores e profissionais de educação são infinitamente menores do que as mantidas com os pais, a chance de os jovens procurarem orientação independente é bem maior. Mas que fique claro: não conversar sobre sexualidade e profilaxia com os filhos não significa adiar a vida sexual desses adolescentes e jovens. O que normalmente ocorre é exatamente o contrário.
O que um professor deve fazer para transmitir um bom conteúdo de educação sexual?
Antes de tudo, funcionar como catalisador, incentivador, criando condições para o debate em sala e a leitura sobre o conteúdo fora dela. O debate traz à tona as distorções, permitindo correções. A pesquisa aumenta o conhecimento, que depois é dividido com colegas, familiares, até o namorado. Com as crianças e os mais novos, atividades lúdicas, jogos e trabalhos tendo como base letras de músicas, poemas e textos costumam funcionar bem. A professora deve estudar e passar o conteúdo sem ditar regras de comportamento sexual.
Pais devem saber de tudo o que se passa na rotina da orientação sexual de seus filhos na escola?
Eis um ponto delicado. O professor, a princípio, deve encaminhar os temas e orientar seus alunos com autonomia, no ambiente da escola. Penso que pais só devem ser convocados em casos extremos, quando a situação caminha para algo que realmente exige definição dos responsáveis. Se uma criança é vista repetidamente se masturbando na escola, no banheiro ou fora dele, por exemplo, chamar os pais poderá ser pior. Eles poderão reprimir a criança, tratar o assunto com cerimônia e preocupações exageradas. O melhor é aproveitar as oportunidades e tratar dessa e de outras questões próximas com estudo e debate em sala, obviamente sem dizer que é o caso de alguém da turma e muito menos revelar o nome. Com isso, o aluno aproveita para refletir e, de quebra, a turma trabalha o tema. Se ainda assim não resolver, o melhor é a professora ter uma conversa particular com o aluno. Em mais de 90% dos casos, essas duas medidas costumam resolver.
O que um programa de educação sexual deve abordar? Como ele deve ser distribuído no infantil, fundamental e médio?
Vários pontos podem ser trabalhados já no ensino infantil. O principal deles é a igualdade de gênero, sobretudo sem essa ideia constrangedora e repressiva de rosa para menina e azul para menino, por exemplo. Mostrar que meninos e meninas podem dividir brinquedos de um e de outro já é educação sexual. Acima de seis anos, no fundamental, é importante ampliar a questão de gênero para respeito e igualdade, sobretudo dos meninos em relação às meninas.
É recomendável abordar temas como diversidade sexual nos primeiros anos do fundamental?
Sim, claro, se o contexto permitir. E o que são permissões do contexto? São situações em que a criança pergunta alguma coisa e você simplesmente não pode responder “isso não existe”, ou “deixe isso para lá” ou ainda “você não está na idade de saber sobre isso”. Por quê? Pelo fato mero de que ela, ao perguntar, na prática já está sabendo ou tendo alguma ideia sobre o que perguntou. E, convenhamos, é infinitamente melhor passar algo com linguagem e limites definidos com responsabilidade por um educador preparado do que deixar que ela receba a informação carregada de distorções, preconceitos ou mesmo erros de fato.
A criança pergunta, por exemplo, o que é gay. Ora, quem ainda acredita que uma criança de seis a oito anos, inserida no contexto atual, com informações caindo de todos os lados por internet, celular, amigos, primos, coleguinhas, ainda não ouviu algo claro sobre o que é ser gay em algum lugar? Ele vai perguntar – e, quando perguntar, deverá receber a melhor resposta possível. Nem preciso dizer a educadores que, ao contrário do que diz e teme o ultraconservadorismo equivocado, tratar desses assuntos em nada direciona uma criança ou jovem para ser hetero, homo ou bissexual.
E do fundamental II ao médio?
É a hora de detalhar as ISTs, suas formas de transmissão e os efeitos de maneira progressiva. E, claro, trabalhar os temas relacionados às questões fisiológicas relativas à atividade sexual e à gravidez. Como essas questões interferem no corpo e na vida dos meninos e, principalmente, das meninas. Em paralelo com a questão dos corpos, é preciso chamar atenção para a importância de se evitar a gravidez precoce, em momento não planejado, por tudo o que ela pode conturbar na trajetória de um adolescente ou jovem.