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SINDICATOS DEVEM CRITICAR SIM

O artigo 3º do estatuto SINTED-Três Lagoas e Selviria, em sua alínea “c”, reza que o Sindicato tem por finalidade “Defender intransigentemente os direitos e interesses funcionais de seus associados, na forma da lei”. A alínea “e” fala: “Reivindicar aos poderes públicos a valorização e o aperfeiçoamento profissional de seus associados”, enquanto que a “h” diz: “Lutar em defesa e fortalecimento da escola pública, gratuita, laica e de boa qualidade em todos os níveis”. Sua alínea “k” manda “Apoiar todas as iniciativas populares e progressistas que visem à melhoria das condições de vida para o povo brasileiro”. A nossa Constituição nos dá o direito à crítica e à liberdade de expressão. 

É com base nos parâmetros acima que a diretoria sindical tem atuado. Além disso, como uma entidade progressista, que defende uma sociedade tolerante, que luta pela preservação ambiental, pela igualdade de direitos e contra quaisquer tipos de discriminação, jamais poderia ficar alheia às situações e ações contrárias aos nossos anseios. É fácil uma postura de alienar os fatos que nos atinge em nome de uma “neutralidade”. Ficar em cima do muro é descartar o nosso papel de combate a tudo que contraria o bom senso de uma sociedade democrática e livre.  

O Sindicato não tem partido político, mas tem lado ideológico. E o nosso lado é o da pluralidade de pensamento, da solidariedade, da defesa dos mais carentes, da liberdade de expressão, contra a xenofobia, a homofobia, o racismo, a misoginia e imposição religiosa. Dizer que não devemos ter ideologia é dizer que não devemos pensar. Isso é contrário ao papel mais importante de um educador: a reflexão! Para nós, não importa se é fulano ou sicrano que está no poder. Mas nos importa sim as suas atitudes. Se elas forem contrárias às nossas aspirações, temos o direito de criticar sim! Afinal, foram os movimentos sindicais e populares que conseguiram ao longo dos séculos os direitos que temos hoje.  

Sempre vamos elogiar políticos e entidades que se posicionarem a nosso favor, assim como vamos criticar os que se posicionarem contra os nossos interesses.  

Não calaremos! 

100 MIL MORTES: CADA VIDA É IMPORTANTE!

Cem mil mortos! Um número qualquer se fosse o resultado de uma guerra. Seria mais um número na história. Mas não estamos em guerra! Estamos sim em meio a uma grande pandemia. Ela é combatida, não com armas, mas com ciência. E como está a ciência brasileira? Infelizmente, relegada aos últimos planos do governo federal. Como que num passe de mágica, em uma máquina do tempo, retornamos ao período medieval onde os estudos científicos eram considerados coisa de bruxas ou de malucos. Sim, esta é a postura do nosso governo que faz desdém das orientações dos especialistas para o combate ao Covid 19. O descaso para com as mortalidades nos faz questionar o nível de sentimentos que um tem pelo outro.

Como educadores e humanitários, não podemos nos conformar com essa desídia por que passamos. A vida é o primeiro bastião de quaisquer atitudes a serem tomadas por quem quer que seja. Jamais ela pode ser relegada a um plano de desleixo e de ridicularização. Brincar com sentimentos alheio é ser muito irresponsável e insensível. 

Assim, reconhecendo a dor das pessoas, o SINTED é solidário a todas as famílias que perderam seus entes queridos nesta pandemia, principalmente às da nossa cidade. Temos a esperança de que os estudos científicos, como de outras vezes, conseguirão chegar a uma vacina que salvará milhões de vidas. Uma vida que se perde em meio a bilhões de pessoas pode ser apenas um número nas estatísticas, mas ela é muito importante para seus familiares, amigos e colegas. Toda vida é importante.

Pela vida de todos!

MERITOCRACIA É BOM?

Segundo os estudos de psicologia, quando uma pessoa é recompensada pelo seu trabalho, seja qual for, ela tende a melhorar o seu desempenho. Com base nessa premissa, alguns estudiosos da educação propuseram o uso da meritocracia como forma de estimular os educadores a realizarem seu trabalho de forma mais produtiva. Também há os que defendem a concorrência como meio de estimular a produção. Assim, juntou-se a meritocracia à concorrência para serem efetivadas entre as escolas e entre os educadores.

A nossa Constituição, bem como o ideal de uma sociedade igualitária e justa, defende que a cooperação, e não a concorrência, deve ser uma das bases para a formação de um país igualmente desenvolvido. Como educadores, não podemos defender a disputa entre colegas e entre escolas. A cooperação mútua é que nos possibilitará o melhor processo de ensino-aprendizagem. Além disso, não se pode estabelecer a meritocracia e a concorrência em meio a tantas diferenças socioeconômicas entre nossos alunos e entre as escolas.

Certamente, não somos contra os estímulos. Eles poderiam vir na forma de abonos para os que se destacassem no seu trabalho pedagógico. Mas, o que realmente poderia dar melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem seria a  melhor formação dos nossos educadores, uma grande reciclagem a nível de mestrado, a estruturação física das escolas, conteúdos mais alinhados com as realidades dos alunos, resolver a questão das indisciplinas e dar apoio aos pais na condução dos estudos de seus filhos.

A aprovação do FUNDEB de forma permanente poderá ser o fio da meada para a realização de todas essas realizações se for aplicado de forma eficiente. Aí sim, temos que promover as cobranças junto aos governos e órgãos competentes para a efetivação dessas metas. Após alcançar um patamar igualitário de eficiência em todas as escolas, poderemos falar em meritocracia. Ainda assim, ela deverá ser implantada como meio de estímulo e não de punição. Esta poderá ser feita por meio de observação do trabalho do educador, ou seja, se ele está cumprindo com as suas obrigações, dar apoio para suas ações educativas e, em último caso, utilizar das repreendas.  

Um país sério leva a sério seus cidadãos, e estes, necessitam de uma educação séria.

MARIA FIRMINA – A PRIMEIRA NEGRA ROMANCISTA

No dia 25 passado a BBC News trouxe uma reportagem sobre a primeira mulher negra romancista do Brasil. Trata-se de Maria Firmina dos Reis, que viveu entre 1822 e 1917, na cidade de Guimarães, no Maranhão. Segundo a reportagem, o retrato pintado da autora, presente na Câmara de Vereadores da cidade, era de uma mulher branca, que teria escrito o romance “Úrsula” em 1859. Diz a reportagem: 

“Em um busto esculpido em sua homenagem, hoje exposto na Praça do Pantheon, no centro de São Luís, pouco transparece da descrição feita por ex-alunos e conhecidos de Maria Firmina: uma mulher de rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, cortado curto e amarrado na altura da nuca, com nariz curto e grosso.”

Régia Agostinho, professora da UFMA, diz que o busto apresenta uma mulher de nariz afilado, lábios finos e cabelos liso amarrados em coque, uma descrição que nada lembra uma mulher negra. Firmina só foi redescoberta em 1962 por um historiador paraibano, Horácio de Almeida, que encontrou em um sebo no Rio de Janeiro uma edição de “Úrsula”, hoje considerado o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão. 


A escritora teria sido filha de uma escrava alforriada e pai negro. Ao ficar órfã foi morar com uma tia que tinha condições econômicas para dar estudo à sobrinha, caso raro na época para uma negra. Em 1847 Maria Firmina passou em um concurso público para lecionar em escola primária, onde se aposentou. Quando foi receber o título, negou-se a ser carregada por escravos como era o costume. Teria dito: “Negro não é animal para se andar montado nele”. 


Por 50 anos publicou suas obras em jornais maranhenses como contos, poesias e crônicas. Entre eles se destacam “Gupeva” (1861) e “A Escrava” (1867). Também fundou a primeira escola mista do Maranhão, com meninos e meninas. Morreu em 1917, aos 95 anos de idade, deixando 11 filhos adotivos.

O FUNDEB E O CAQ

Como vimos, o FUNDEB foi aprovado na Câmara Federal de forma integral. Além disso, conseguimos incluir nele o CAQ (Custo Aluno qualidade), cuja finalidade é o de garantir uma estrutura mínima nas escolas para a efetivação de uma boa qualidade no aprendizado dos alunos. De acordo com o UOL, com a Agência Brasil, em 22/07/2020 06h37:

“São considerados itens necessários para oferta de uma boa educação, por exemplo, a formação continuada dos professores, o acesso à internet, a banheiros, a quadra de esportes, laboratórios e biblioteca. Entra na conta ainda dinheiro para pagar despesas com conta de luz e água, entre outras. O CAQ também visa garantir uma jornada de 7 a 10 horas para os alunos e o piso salarial para todos os profissionais da educação,…”.

Como podemos verificar, o CAQ tem vital importância para que possamos ter escolas suficientemente boas para uma formação de qualidade aos nossos alunos. O bom desenvolvimento mental e corporal deles irá propiciar uma sociedade bem estruturada, garantindo assim um país que consiga se desenvolver de forma mais justa e igualitária.

Petrônio Filho – Dpto. Divulgação e Imprensa

O FUNDEB E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

Não é segredo para ninguém que tenha um pouco de esclarecimento sobre desenvolvimento que a educação de um povo é fundamental para que o seu país se desenvolva, juntamente com a melhoria de vida das pessoas. Também sabemos que o Brasil tem grandes dificuldades em melhorar o seu padrão de ensino, sempre abaixo do desejado. Assim, em 1997 foi criado o FUNDEF (Fundo de Desenvolvimento da Educação Fundamental), no governo Fernando Henrique Cardoso. O atual FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) foi instituído pela Emenda Constitucional n.º 53, de 19 de dezembro de 2006, no governo Lula, aumentado a sua abrangência para as creches e para o Ensino Médio. Como não se tinha certeza de que dariam certo, eles foram criados de forma provisória.

Este ano de 2020 espira o seu prazo de validade. Como foi aprovado a sua funcionalidade, deputados e senadores entraram com três propostas de emendas à Constituição para tornar permanente o fundo. Nessas emendas, são defendidos três pontos básicos:

  1. Que o fundo passe a ser permanente;
  2. Que o aporte do governo federal passe de 10% para 30% ou 40% do total arrecadado;
  3. Que a verba passe diretamente para os municípios de baixa renda, sem a necessidade de repasse via estados.

Uma grande importância do FUNDEB é diminuir as desigualdades regionais e locais em relação ao aprendizado dos alunos. Isso é vital para que toda a sociedade brasileira se desenvolva de forma mais uniforme, partido para o fim das grandes disparidades socioeconômicas entre os brasileiros. Vale ressaltarmos que apesar de todo esforço de verbas, o custo aluno nosso ainda é muito baixo se compararmos como outros países como, por exemplo, Portugal, que aplica o dobro por aluno e a Coréia do Sul que aplica o triplo do nosso equivalente.

Com informações de: Núcleo Sindical Londrina

UM NOVO (?) MINISTRO

O presidente Jair Bolsonaro anunciou seu novo ministro da Educação: Carlos Decotelli, oficial de reserva da Marinha, será o terceiro ocupante do comando do MEC no atual governo, depois da demissão de Abraham Weintraub e de Ricardo Vélez. Segundo seu perfil escrito no site do FNDE, Decotelli é financista, professor e coautor de livros de administração bancária e financeira. Tem doutorado em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina) e pós-doutorado na Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha, também de acordo com o órgão.

Nem vou discutir aqui a competência do novo (?) ministro. Observando seu histórico profissional, pode-se aferir o seu perfil conservador e forte ligação com o setor econômico-financeiro, em detrimento do setor educacional. De acordo com Daniel Cara, membro da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação e professor da Faculdade de Educação da USP, Decotelli “não é uma referência” no setor por ser um nome muito pouco conhecido nas discussões de políticas educacionais.

Ao longo de décadas lutamos por uma educação pública de qualidade, calcada nos ditames da cidadania e da democracia, tendo como prioridade dar condições aos filhos dos trabalhadores para participarem de forma igualitária na sociedade brasileira, tanto na formação geral como cidadãos, como na vida profissional. Tudo indica que Decotelli não segue essa linha de pensamento, tendendo a atender ao tal “mercado” que clama por mão de obra técnica e barata. Aqui, os filhos dos trabalhadores são vistos como mero meio de auferir lucros e não como cidadãos possíveis de construírem sua própria história. Assim, lamentamos a nomeação dessa pessoa para dirigir um ministério fundamental para o crescimento intelectual e, consequentemente, o desenvolvimento dos brasileiros. De novo só o nome. Tanto que Decotellli foi elogiado por Weintraub. Mais uma vez vemos frustrados os nossos anseios por uma educação para todos.

Petrônio Filho – Diretor do Dptº Imprensa e Divulgação