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UM NOVO (?) MINISTRO

O presidente Jair Bolsonaro anunciou seu novo ministro da Educação: Carlos Decotelli, oficial de reserva da Marinha, será o terceiro ocupante do comando do MEC no atual governo, depois da demissão de Abraham Weintraub e de Ricardo Vélez. Segundo seu perfil escrito no site do FNDE, Decotelli é financista, professor e coautor de livros de administração bancária e financeira. Tem doutorado em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina) e pós-doutorado na Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha, também de acordo com o órgão.

Nem vou discutir aqui a competência do novo (?) ministro. Observando seu histórico profissional, pode-se aferir o seu perfil conservador e forte ligação com o setor econômico-financeiro, em detrimento do setor educacional. De acordo com Daniel Cara, membro da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação e professor da Faculdade de Educação da USP, Decotelli “não é uma referência” no setor por ser um nome muito pouco conhecido nas discussões de políticas educacionais.

Ao longo de décadas lutamos por uma educação pública de qualidade, calcada nos ditames da cidadania e da democracia, tendo como prioridade dar condições aos filhos dos trabalhadores para participarem de forma igualitária na sociedade brasileira, tanto na formação geral como cidadãos, como na vida profissional. Tudo indica que Decotelli não segue essa linha de pensamento, tendendo a atender ao tal “mercado” que clama por mão de obra técnica e barata. Aqui, os filhos dos trabalhadores são vistos como mero meio de auferir lucros e não como cidadãos possíveis de construírem sua própria história. Assim, lamentamos a nomeação dessa pessoa para dirigir um ministério fundamental para o crescimento intelectual e, consequentemente, o desenvolvimento dos brasileiros. De novo só o nome. Tanto que Decotellli foi elogiado por Weintraub. Mais uma vez vemos frustrados os nossos anseios por uma educação para todos.

Petrônio Filho – Diretor do Dptº Imprensa e Divulgação

LC 173 – MAIS UMA PAULADA NO FUNCIONALISMO

A Lei Complementar nº 173/2020 trás em seu bojo uma série de restrições em relação à gestão pessoal do funcionalismo público em geral, ficando ao critério dos estados e municípios a sua aplicabilidade. Mas, os entes federativos que sentirem necessidade de ajuda financeira do governo federal neste momento de pandemia, deverão obrigatoriamente se submeter a esta legislação.

A lei veda a nomeação de aprovados em concursos, a concessão de vantagens como adicionais, progressão e ascensão, horas-extras, gratificações, implicando no congelamento das nossas carreiras. Também proíbe o reajuste salarial, exceto em ação judicial, o que praticamente impede as negociações com os governos. Além desses, a lei trás outras séries de restrições.

Em quase todos os momentos que o nosso país passou por crises, o funcionalismo público é requerido a dar “sua taxa de contribuição”. Diuturnamente somos criticados por recebermos salários “acima da média” em relação à iniciativa privada. Ora, se temos uma sociedade ainda com rendimentos modestos e com grande desigualdade econômica, não se pode querer nivelar por baixo os rendimentos dos trabalhadores. Ao contrário, aqueles que recebem abaixo do necessário para um bom padrão de vida devem ter seus rendimentos melhorados, acompanhando os do serviço público e não o contrário.

A CNTE estará entrando nos próximos dias com outra ADI no STF, contra essas medidas. Segundo o nosso advogado, Dr. Ronaldo Franco, essa medida é cabível. Assim, ficamos no aguardo da decisão do STF, que esperamos ser favorável ao nosso pedido.

Petrônio Alves Corrêa Filho – Departamento de Imprensa e Divulgação

STF conclui julgamento que proíbe a redução da jornada de trabalho e dos vencimentos de servidores públicos

Foto: STF

Em sessão plenária virtual do último dia 24, o Supremo Tribunal Federal encerrou o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 2238, que havia sido suspenso em 22.08.2019, declarando inconstitucional o parágrafo 2º do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000). O referido dispositivo facultava ao gestor público reduzir temporariamente a jornada de trabalho e adequar os vencimentos dos servidores públicos à nova carga horária.

Essa decisão ocorre em um dos momentos mais agudos de ataques aos direitos dos servidores públicos, seja por razões da pandemia da COVID-19, seja pela implementação do projeto ultraliberal de Bolsonaro e Guedes que visa reduzir as funções do Estado e mitigar direitos dos servidores.

Nos próximos dias a CNTE ingressará com outra ADI no STF, desta vez para questionar a suspensão temporária dos planos de carreira dos servidores públicos, prevista na Lei Complementar 173/2020, bem como a não vinculação à educação de parte das perdas tributárias de Estados, DF e Municípios repassada pela União aos entes subnacionais na forma de “auxílio” financeiro.

Em relação ao congelamento dos vencimentos e da carreira dos servidores públicos das três esferas, previstos para ocorrer até dezembro de 2021, o Congresso Nacional havia excetuado os profissionais da educação e outras categorias dessa regra leonina, porém o presidente Bolsonaro vetou esse dispositivo. E independentemente de o Congresso derrubar o veto nº 17/2020 (situação ainda indefinida), a CNTE questionará judicialmente as regras de congelamento da LC 173, a fim de restabelecer o direito constitucional à valorização permanente das carrerias dos servidores públicos efetivos.

Clique aqui e confira a matéria produzida pela imprensa do STF sobre o julgamento da ADI 2238.

CNTE

Coletivo (R)EXISTÊNCIA celebra mês do Orgulho LGBTQIA+ com sarau online

Coletivo R EXISTÊNCIA

O Coletivo R EXISTÊNCIA vem celebrar o mês do Orgulho LGBTQIA+ em grande estilo. Em tempos de distanciamento social causado pela Covid-19, optamos por não deixar essa data tão importante nas lutas silenciada, e assim apresentamos a primeira versão do Sarau do Orgulho in Live. Um evento totalmente interativo com diversas apresentações de música, dança, poemas e performances.

Será neste sábado, 27 de junho, a partir das 19h (MS), em nossa página no Facebook @coletivoR Existência. Vista seu melhor look e venha celebrar conosco essa data tão importante. Não se esqueça de postar sua foto assistindo a live, utilizando nossas hashtags #liveRExistência3l #sarauinlive #coletivorexistencia3l, para sabermos que você está celebrando conosco.

Confira as atrações deste sábado (27):

PARA QUEM TEM RESTITUIÇÃO: Receita libera consulta à maior restituição de imposto de renda da história

A Receita Federal abre hoje (23) a consulta ao segundo lote de restituição do imposto de renda de 2020. Neste lote serão pagos R$ 5,7 bilhões, para 3.306.644 contribuintes, no maior valor para um lote de restituição em todos os tempos.

Desse valor, R$ 3,9 bilhões serão pagos aos contribuintes que têm prioridade legal, como idosos, contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave e contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério.

Terão direito ao segundo lote de restituição também mais de 1 milhão de contribuintes não prioritários que entregaram a declaração até o dia 4 de março.

Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deverá acessar o site da Receita Federal (http://idg.receita.fazenda.gov.br/). Na consulta à página da Receita, serviço e-CAC, é possível acessar o extrato da declaração e ver se há inconsistências de dados identificadas pelo processamento.

Nesta hipótese, o contribuinte pode avaliar as inconsistências e fazer a autorregularização, mediante entrega de declaração retificadora. A Receita disponibiliza também um aplicativo para tablets e smartphones que facilita consulta às declarações do IRPF e situação cadastral no CPF. Com ele será possível consultar diretamente nas bases da Receita Federal informações sobre liberação das restituições do IRPF e a situação cadastral de uma inscrição no CPF.

PAGAMENTO

O pagamento do segundo lote será realizado em 30 de junho, mesma data de encerramento do prazo de entrega das declarações do imposto de renda de 2020. Neste ano os lotes foram reduzidos de sete para cinco com pagamento iniciando antes mesmo do fim do prazo de entrega. O primeiro lote foi pago em 29 de maio.

As datas de pagamentos das próximas restituições do imposto de renda são:

  • 30 de junho;
  • 31 de julho;
  • 28 de agosto;
  • 30 de setembro.

A restituição paga ao contribuinte ficará disponível no banco informado da declaração durante um ano.

Se o contribuinte não fizer o resgate nesse prazo, deverá fazer o pedido por meio da internet, mediante o Formulário Eletrônico – Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no e-CAC, no serviço Extrato do Processamento da DIRPF.

Caso o valor não seja depositado em sua conta no banco, o contribuinte poderá contatar pessoalmente qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento por meio do telefone 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.

Prazo para entrega vai até dia 30

A Receita Federal adiou o prazo de entrega da declaração do imposto de renda até 30 de junho devido à crise da covid-19.

Quem precisa apresentar a declaração e não fizer dentro do prazo pode receber multa mínima de R$ 165,74, variando de 1% a 20% do imposto devido por cada mês de atraso.

Quem precisa declarar?

  • Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ R$ 28.559,70 no ano, ou cerca de R$ 2.380 por mês, incluindo salários, aposentadorias, pensões e aluguéis;
  • Quem recebeu rendimento isento, não tributável ou tributado exclusivamente na fonte acima de R$ 40 mil; isso inclui o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), seguro-desemprego, doações, heranças e PLR;
  • Quem teve ganho de capital vendendo bens ou direitos sujeitos a pagamento do IR;
  • Quem realizou operações na bolsa de valores;
  • Quem tem bens ou direitos acima de R$ 300 mil em 31 de dezembro de 2019;
  • Quem teve receita de atividade rural acima de R$ 142.798,50;

Entenda o status da sua declaração

Quem já enviou sua declaração, mas não foi contemplado com a restituição nesse segundo lote, pode pesquisar no site da Receita a situação da sua declaração.

EM PROCESSAMENTO

A declaração foi recebida, mas o processamento ainda não foi concluído.

EM FILA DE RESTITUIÇÃO

O documento foi processado, mas o valor ainda não foi disponibilizado no banco. Lembrando que para receber a restituição, o contribuinte não pode ter pendências de débitos na Receita Federal ou na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

PROCESSADA

A declaração foi recebida e teve seu processamento concluído. Atenção: isso, no entanto, não significa que o resultado tenha sido homologado, já que, pela lei, ele pode ser revisto em até cinco anos.

COM PENDÊNCIAS

Durante o processamento da declaração, a Receita encontrou pendências de informações. O contribuinte deve regularizá-las.

EM ANÁLISE

A declaração foi recebida e está na base de dados da Receita, que aguarda a apresentação dos documentos solicitados ao contribuinte ou ainda não terminou a análise dos documentos entregues.

RETIFICADA

A declaração anterior foi substituída integralmente pela declaração retificadora apresentada pelo contribuinte.

CANCELADA

A declaração foi cancelada por decisão da Receita ou solicitação do contribuinte.

TRATAMENTO MANUAL

A declaração está sendo analisada e o contribuinte deve aguardar uma correspondência da Receita.

Fonte: Valor Investe

Foto: Marcello Casal Jr.

Semana da Ciência e da Educação Pública Brasileira acontece de 22 a 26 de junho

Cinco frentes parlamentares de educação da Câmara dos Deputados realizam entre os dias 22 e 26 de junho de 2020 a Semana da Ciência e da Educação Pública Brasileira, que terá como tema principal: “Os desafios do PNE para o progresso da educação e da ciência”. Serão transmitidos debates ao vivo todos os dias, às 9 e às 14 horas, aqui no Facebook. Em pauta, temas como o financiamento da educação pública, educação não presencial, ciência, saúde pública e Covid-19, a obra de Paulo Freire, a democracia nas universidades e institutos federais e o Plano Nacional de Educação, que completa seis anos. O presidente da CNTE, Heleno Araújo, vai participar do debate “Sistema Nacional de Educação, qualidade e educação não presencial”, nesta terça-feira (23), às 14h.

>> Baixe a programação completa  

O evento é realizado por cinco frentes parlamentares: em Defesa do Plano Nacional de Educação; pela Valorização das Universidades Federais; em Defesa dos Institutos Federais; em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação; e Fente Parlamentar Mista da Educação. A iniciativa tem o apoio do Fórum Nacional Popular de Educação. Acesse o Facebook para assistir aos debates e obter outras informações: https://www.facebook.com/SemanaCienciaEducacaoPublicaBrasileira/

CNTE

SINTED INFORMA: Ação da eleição de diretores da Rede Municipal

O processo eleitoral para escolha dos diretores e diretores adjuntos da REME encontra-se suspenso, em razão de uma decisão liminar proferida nos autos da Ação Civil Pública (ACP) ajuizada pelo MPE (Processo 0900188-31.2019.8.12.0021), em trâmite perante a Vara da Fazenda Pública de Três Lagoas, por meio da qual pretende ver declarada a inconstitucionalidade da Lei Municipal 2.629/2012 – que assegura a participação da comunidade escolar no processo dos gestores -, ao argumento de que a referida forma de escolha não se amoldaria ao modelo constitucional vigente, que reserva ao Chefe do Poder Executivo, a prerrogativa da livre nomeação.

São partes da ação o MPE (autor) e o MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS.

A liminar foi deferida aos 06/12/2019. Citado, o Município apresentou defesa, defendendo a constitucionalidade da lei – muito embora não tenha recorrido da decisão que deferiu a liminar.

O SINTED fez um pedido de ingresso na ação, na qualidade de amicus curiae, com o que concordou o MPE.

Na manifestação, o SINTED alegou que o mérito acerca da (in)constitucionalidade da Lei 2.629/2012, já está sendo discutido em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn), ajuizada pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado no TJMS (Proc. 2000755-87.2017.8.12.0000), ainda pendente de julgamento, e que, portanto, o MPE não poderia ter ajuizado nova ação com a mesma pretensão.

Pelo mesmo motivo, a FETEMS também fez uma manifestação na Ação, requerendo a sua admissão no feito, na qualidade de terceiro interessado.

Além disso, a FETEMS também ingressou com uma Reclamação no TJMS (Processo 1402475-36.2020.8.12.0000), requerendo, liminarmente, a suspensão da ACP, até que sobrevenha o julgamento final da ADIn ajuizada pela PGJ.

A juíza responsável pela Ação ainda não se manifestou sobre as alegações da FETEMS e do SINTED. Nossa expectativa é que ela se pronuncie em breve.

“A democracia de amanhã se prepara na democracia da escola” Célestin Freinet.

PASEP 2020-2021: Quem tem direito e como sacar

O abono salarial Pasep 2020-2021, começará a ser pago a partir de 30 de junho e se estenderá até 30 de junho de 2021, de acordo com o calendário publicado no Diário Oficial da União.

O valor do abono varia de R$ 88 a R$ 1.045, dependendo do período trabalhado formalmente em 2019.

E quem tem direito PASEP?

O valor do abono pode chegar a 1 salário mínimo (R$ 1.045) e é associado ao número de meses trabalhados no exercício anterior. Portanto, quem trabalhou um mês no ano-base 2019 receberá 1/12 do salário mínimo. Quem trabalhou 2 meses receberá 2/12 e assim por diante. Só receberá o valor total quem trabalhou o ano-base 2019 completo.

Tem direito ao abono salarial quem recebeu, em média, até dois salários mínimos mensais com carteira assinada e exerceu atividade remunerada durante, pelo menos, 30 dias em 2019. É preciso ainda estar inscrito no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e ter os dados atualizados pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Uma das maneiras mais fáceis de consultar PASEP é através do site oficial do Banco do Brasil. Nele, é possível verificar se você possui direito ao benefício, e se ele já está disponível para saque.

Veja abaixo o passo a passo:

  1. Primeiramente acesse o site do Banco do Brasil clicando nesse link: https://www36.bb.com.br/portalbb/pasep/pesquisa,802,17,505134,2,0,1.bbx
  2. Em seguida é necessário informar a número da sua inscrição no PASEP. Você pode encontrar essa informação na sua carteira de trabalho; Se preferir, você também pode informar o número do seu CPF, juntamente com a sua data de nascimento;
  3. A próxima etapa é fazer uma verificação de segurança clicando em Não Sou Um Robô;
  4. Agora é só clicar em Confirma.

Pronto, você será redirecionado para uma nova página onde será possível verificar se você tem direito ao PASEP e se ele já está liberado.

Calendário PASEP

Na primeira coluna você irá localizar dígito final da sua inscrição no PASEP. Já na segunda coluna será possível ver a data de início do pagamento.

Lembrando que indecentemente do mês de nascimento do servidor público, a data limite é a mesma para todos, que é em junho de 2020.

Onde sacar

Os servidores públicos que têm direito ao Pasep precisam verificar se houve depósito em conta. Caso isso não tenha ocorrido, precisam procurar uma agência do Banco do Brasil e apresentar um documento de identificação. Mais informações sobre o Pasep podem ser obtidas pelo telefone 0800-729 00 01, do Banco do Brasil.

Fontes: G1 e CND Federal

Acesse a publicação ‘Diretrizes para a Educação Escolar durante e pós-pandemia – contribuições da CNTE’

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) lança nesta quinta-feira (18) a publicação “Diretrizes para a Educação Escolar durante e pós-pandemia – contribuições da CNTE”O material propõe estratégias de retomada das aulas com foco na defesa da vida e contra as desigualdades na educação, mantendo a escola pública brasileira como espaço de efetivo direito à aprendizagem dos/as estudantes e de exercício permanente da cidadania.

>> ACESSE O PDF DA PUBLICAÇÃO “Diretrizes para a Educação Escolar durante e pós-pandemia – contribuições da CNTE”

As propostas da CNTE buscam atender as diferentes realidades de um território de dimensões continentais e de uma sociedade multicultural, com enormes diferenças socioeconômicas, onde a oferta educacional é altamente descentralizada (União, Estados, DF e Municípios), de modo que o objetivo central das diretrizes consiste em apontar os principais temas a serem debatidos democraticamente em cada sistema/rede de ensino. Já a construção dos protocolos de retorno às aulas e de segurança sanitária devem primar por medidas isonômicas que garantam o bem comum. À luz dessas considerações iniciais, a CNTE propõe estratégias  com foco nos seguintes temas:

i. Retomada das aulas presenciais somente em situação de plena segurança sanitária;

ii. Critérios para aplicação ou não de avaliação das atividades remotas durante a pandemia;

iii. Recomposição do calendário letivo presencial com possibilidade ou não de cômputo das atividades remotas;

iv. Organização do trabalho dos/as profissionais da educação, observados os critérios de segurança sanitária e de novas rotinas escolares;

v. Observar medidas de segurança no trabalho para os/as profissionais da educação que integram os grupos de risco da COVID-19;

vi. Novas estruturas físicas e pedagógicas para garantir qualidade e equidade no atendimento escolar, sobretudo nas redes públicas.

A CNTE também conclama aos gestores públicos para que não abdiquem em dialogar com os/as trabalhadores/as em educação, estudantes e pais, também nesse momento singular, pois são esses os principais interessados em recuperar os prejuízos escolares causados pela pandemia do coronavírus.

CNTE

Como o mundo, os professores nunca mais serão os mesmos após a pandemia

Diante do cenário atual, o processo do ensino e aprendizagem se transforma, destaca diretora pedagógica

Por Regina Silva*: Diante do cenário que estamos vivenciando, os desafios são gigantes para a educação como um todo e para os professores em particular. O mundo está se transformando e não voltaremos “ao normal”, pois o normal será uma nova realidade, muito diferente do que estávamos vivendo até a pandemia da covid-19. O mundo, provavelmente, não será o mesmo. A educação e os professores também não.

São muitos os aspectos que devem ser levados em consideração, como também, as inúmeras incertezas: durante quanto tempo as escolas ficarão fechadas? Como será a regulamentação? Como garantir a qualidade e o cumprimento do currículo? Como engajar alunos e famílias nesse nosso modelo? Mas, deixando de lado as incertezas e sobre as quais não temos domínio, vamos focar especialmente no papel do professor, que precisa se reinventar para continuar cumprindo sua missão de mediar a aprendizagem dos estudantes.

O processo de ensino e aprendizagem se transforma nesse contexto. As formas habituais de lecionar precisam ser revistas. É preciso modificar o planejamento pedagógico e encontrar alternativas para envolver, motivar e propiciar o desenvolvimento dos estudantes, mesmo que a distância. A profissão de professor envolve muita relação interpessoal e acolhimento. Talvez aqui esteja a maior perda. A falta do olho no olho e das interações entre professores e alunos assim como entre alunos e os colegas. Um dos principais desafios é adequar aulas, materiais e atividades para outro modelo que não o presencial. Muitas tecnologias estão sendo disponibilizadas neste momento de crise. É uma avalanche de informações, o que torna muito difícil encontrar a melhor solução para atender a essa necessidade não planejada de ensinar além dos muros da escola.

professores pandemia

Foto: Shutterstock

Apesar da grande maioria dos professores utilizar regularmente as tecnologias no dia a dia, a situação fica mais complicada quando se trata de conhecer e dominar novas ferramentas e metodologias para adaptar as aulas a um novo formato. Isso exige um tempo que não temos. Inclusive, muitas escolas no país estão definindo férias de vinte dias para que suas equipes se preparem melhor e desenvolvam conteúdos e dinâmicas adequados para as aulas a distância.

Outro grande desafio é a falta de infraestrutura necessária para aulas a distância nos lares, especialmente em se tratando de estudantes da escola pública. Essa questão, de homeschooling, não pode ficar à margem, pois temos que garantir uma educação não excludente. A falta de tempo e preparo das famílias para mediar a realização de atividades pedagógicas torna o ensino ainda mais complexo.

Existe o fato, ainda, de que os desafios não são os mesmos para alunos das diferentes faixas etárias, já que é possível adaptar recursos para atender desde a educação infantil até o ensino médio. Porém criatividade, objetividade e simplicidade são os postos-chave para esse momento, independentemente da idade dos estudantes. A crise consolidou algo que já sabemos: alunos estão mostrando que as instituições formais de ensino já não são mais os principais locais para buscar informações e aprender.

Portanto, precisamos reinventar a escola como espaço relevante de aprendizagem para que cumpra seu papel de formar estudantes a fim de interagir com criatividade, ética e responsabilidade na sociedade em que estão inseridos.

As tecnologias digitais podem ajudar a tornar esse desafio menos estressante para todos os envolvidos nos processos de ensinar e aprender. Plataformas adaptativas, por exemplo, permitem ao estudante seguir o próprio caminho de aprendizagem de uma forma mais autônoma, seja recuperando dificuldades individuais ou avançando para conceitos mais complexos. Os dados coletados no decorrer da realização das atividades auxiliam o professor a acompanhar, mesmo que a distância, o desempenho de cada aluno e a intervir quando a mediação se faz necessária. É apenas um exemplo de como os tão propalados Big Data e Inteligência Artificial podem ajudar o #FiqueEmCasa a ser mais produtivo e envolvente.

Oferecer conteúdo relevante, bem dosado, com interação e uma rotina de produção para que os alunos participem de forma ativa das atividades, compartilhando ideias e dando devolutivas, pode assegurar maior interesse e compreensão dos conceitos abordados. Metodologias ativas, educação 4.0, autonomia do aluno, temas voltados para educação e amplamente discutidos em congressos, seminários, simpósios entre outros eventos agora ganham destaque e é o momento para colocá-los em prática.

O professor, depois da covid-19, assim como qualquer um de nós (inclusive os estudantes), será um profissional mais preocupado com o outro, que valoriza as relações interpessoais. A principal transformação que a crise nos trará está ligada ao envolvimento, engajamento e determinação para fazer e ser diferente. Quando as aulas presenciais retornarem, o professor certamente estará mais antenado às estratégias diferenciadas e ao novo. Será capaz de enxergar, avaliar e aliar o interesse dos alunos aos recursos usados em sua prática pedagógica diária. Isso proporcionará mais dinâmicas para aulas, engajamento dos alunos e, consequente, mais aprendizagem. Estamos prestes a vivenciar a decolagem da educação 4.0 no Brasil, definitivamente.

*Regina Silva é diretora pedagógica da unidade de tecnologia educacional da Positivo Tecnologia e especialista em soluções para escolas.

Revista Educação